“Não adianta nos opormos ao EAD e sim saber com administrá-lo”, disse a coordenadora CEF/BR, Andrea Vilella
24/08/2018 |
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) foram foco de discussão no Seminário Nacional de Ensino e Formação em Arquitetura e Urbanismo (AU), que aconteceu em Aracaju, nos dias 09 e 10 de agosto, no Museu da Gente Sergipana.
Arquitetos e urbanistas, acadêmicos e professores da área, coordenadores de cursos de AU, conselheiros de vários estados auxiliaram, juntos a conduzir a discussão que, segundo especialistas, dentre outras preocupações, o Ensino à Distância (EAD) põe em cheque a formação profissional de arquitetura no país.
Dentre as discussões do Seminário, a finalidade de iniciar coletivamente, por todo o Brasil em momentos diferentes, a discussão sobre a Resolução Nº 2, de 17 de junho de 2010, do Conselho Nacional de Educação (CNE), Câmara de Educação Superior (CES), que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo, que alteram dispositivos da Resolução CNE/CES, nº 6/2006.
A presidente do CAU/SE, Ana Maria Farias declarou como positiva a iniciativa da ABEA em abrir esse discurso. “O ensino à distância é uma realidade, pois o MEC já autorizou a criação dos cursos. Desta forma nos resta intervir na criação de Diretrizes Curriculares que cada vez mais garantam, que haverá o cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) para o ensino superior, de fazer prevalecer na formação do arquiteto e urbanista as prerrogativas do ensino, da pesquisa e extensão, e assim a qualidade dos cursos têm que ser obrigatoriamente preservada”.
A primeira palestrante da quinta-feira, 09, a coordenadora da Comissão de Ensino e Formação (CEF) do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Andrea Vilella, fez um breve apanhado histórico sobre o ensino de AU no país e alertou sobre a proposta de ensino a distância (EAD) na instituições de ensino superior (IES) da área.
“O que nos preocupa é a substituição do ensino presencial. Entendemos que o EAD pode sim contribuir com a formação do arquiteto e urbanista, inclusive de outras profissões, mas não pode substituir. Temos uma profissão que lida não só com a questão da espacialidade, mas com a convivência humana. Pensamos espaços e as características destes vão estabelecer o desempenho das funções ali realizadas. Então, se o espaço deixou de ser importante, para que vamos construir? Não justificaria o nosso estudo. É preciso estabelecer onde podemos aplicar as novas tecnologias e o que se faz apenas de maneira presencial. Não adianta a gente se opor ao EAD e sim saber com administrá-lo”, argumentou a conselheira estadual Andrea Vilella.
O presidente da ABEA, João Carlos Correa abordou sobre a prática do ensino de arquitetura e urbanismo (AU) e algumas de suas preocupações são a questão da autonomia profissional e um pedido de revisão da DCN, nº 02/2010, que retira a exclusividade do Trabalho Final de Graduação (TFG) de AU, além das bancas finais, que sempre foram o diferencial dos cursos de arquitetura no Brasil
“Precisamos entender que o arquiteto e urbanista tem um papel fundamental na sociedade. Nós podemos ajudar as pessoas a serem melhores. A responsabilidade social cabe a nós. Nossa relação é com nosso cliente. Nós temos que obedecer a legislação urbanística, como códigos de obras, ambientais, de posturas, de uso ocupação de solo, etc. A relação é: nós, arquitetos e o cliente. Não precisamos de aprovação de projeto”, afirmou Correa.
O evento foi uma realização do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Sergipe (CAU/SE), com apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ABEA).

Palestrantes, conselheiros e a presidente do CAU/SE, Ana Maria Farias, no primeiro dia do Seminário. Foto: Tíffany Tavares
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